terça-feira, 17 de novembro de 2009

Nota: A última postagem do ano será sobre os 10 melhores filmes da década (2000-2009), a postagem mais dificil de ser montada até agora.

Os 5 melhores filmes dirigidos por Steven Spielberg



Os Goonies, Gremlins, Tubarão, O Parque dos Dinossauros, ET - O Extraterrestre, Indiana Jones, Shrek, De volta para o futuro. O que esses filmes possuem em comum, além de serem clássicos do cinema (cada um a sua maneira)? Todos foram dirigidos ou produzidos por Steven Spielberg. Cinéfilo de longa data, Steven Spielberg cunhou o termo blockbuster quando dirigiu Tubarão (Jaws, 1975) levando milhões de pessoas ao cinema. Desde então, a maioria de seus filmes tem se tornado sucesso absoluto de bilheteria. Durante um bom tempo, ET - O Extraterrestre (1982) foi a maior bilheteria do mundo, sendo superado em 1993 por O Parque dos Dinossauros, também dirigido por Spielberg. Hoje a maior bilheteria do mundo é de Titanic (1997). Por levar multidões ao cinema, pode não ser visto como um diretor cult. Diferentes de ícones cults como Quentin Tarantino e Pedro Almodóvar, Spielberg consegue abarcar uma vasta diversidade de temas e estilos em sua filmografia. Enquanto os filmes de Tarantino são focados na violência urbana e os de Almodóvar em dramas femininos, Spielberg passeia por filmes de aventura, ficção científica, drama, guerra, comédia e até animação. Esse é o diferencial que o torna, pelo menos para mim, um dos maiores diretores de todos os tempos, além é claro de despertar o meu interesse por cinema (salve a Sessão da Tarde com Os Goonies e Indiana Jones). Esta é a minha pequena homenagem a Steven Spielberg, onde elegi os cinco melhores filmes dirigidos por ele.

5º Lugar: A Cor Púrpura (The Color Purple, 1985)


Centrado inteiramente dentro da cultura negra no antigo sul escravista dos Estados Unidos, A Cor Púrpura conta a história de Celie (Whoopi Goldberg). O filme começa com Celie aos 14 anos brincando com sua irmã mais nova Nettie (Akosua Busia) num campo florido da Geórgia. Contudo, conforme elas saem do meio das altas flores, percebe-se a gravidez de Celie. Grávida pela segunda vez do próprio pai, seu filho é arrancado de seus braços logo após o parto e doado a um casal. Tida como uma moça feia e por já ter sido "deflorada", Celie é entregue a Albert (Danny Glover) para viver como empregada e esposa. Apesar disso, Celie nunca chama o marido pelo nome, apenas por Mister, já que ela é tratada como uma empregada. O tempo passa e Nettie resolve fugir de casa, já que seu pai começa a demonstrar interesse por ela. Nettie vai morar com Mister e Celie. Contudo, o desejo inicial de Mister era se casar com Nettie, mas como o pai estava interessado nela, o pai entregou Celie. A amizade entre as duas irmãs é muito forte, e como Nettie não cede às investidas de Mister, este a expulsa de casa. A partir disso o filme é focado em Celie, em todo o mau trato causado pelo marido que a leva até a conviver com sua amante na própria casa. No decorrer da história, Celie evolui de uma mulher simples que esconde o sorriso com as mãos, descobre a sua sexualidade com Shug Avery (Margaret Avery), a amante, e por fim enfrenta Mister e se separa dele. Apesar de ser um drama, o filme tem cenas muito engraçadas, geralmente envolvendo o filho de Mister, Harpo (Willard Pugh) e sua esposa Sofia (Oprah Winfrey). Baseado no romance de Alice Walker, A Cor Púrpura recebeu 11 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz (Whoopi Goldberg), Melhor Atriz Coadjuvante (Oprah Winfrey e Margaret Avery) e Melhor Roteiro Adaptado. Contudo, não levou nenhuma estatueta. Um bom filme para se refletir sobre o racismo, machismo e a sexualidade. vale a pena conferir.

4º Lugar: Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the Lost Ark, 1981)


O primeiro filme da agora quadrilogia de Indiana Jones apresentou ao mundo um herói não muito convencional. Indiana Jones (Harrison Ford) é um professor de arqueologia que não se detém em apenas transmitir conhecimento, mas busca constantemente estar o mais próximo possível dos seus objetos de estudo. As constantes buscas por objetos lendários são os temas de seus filmes. Esse, em particular, fala de uma suposta arca perdida onde estariam as tábuas originais com os dez mandamentos (Decálogo) que Moisés trouxe do Monte Sinai e cujos poderes poderiam acabar com regiões inteiras. Tais poderes despertam o interesse de Hitler, o qual envia alguns militares para o Cairo, no Egito, para encontrar a Arca. Vale lembrar que o filme se passa em 1936, em plena expansão nazista. A partir disso, o governo norte-americano contrata Jones para achar a Arca antes dos nazistas. O filme é repleto de ação do início ao fim, com pitadas exatas de humor e de romance, além de uma trilha sonora inesquecível. O personagem de Harrison Ford se tornou um ícone do cinema e seus filmes são parada obrigatória para quem gosta do gênero. Interessante notar que esse filme não leva o nome Indiana Jones no título, mas se encontra nos outros três filmes. Pura jogada de marketing diante do imenso sucesso do primeiro filme. Nada contra, afinal o cinema também é feito de marketing. E Spielberg sabe disso muito bem.

3º Lugar: O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998)


Com um realismo surpreendente, poucas vezes visto no cinema, O Resgate do Soldado Ryan é centrado inteiramente nos campos de batalha durante a Segunda Guerra Mundial. O capitão John Miller (Tom Hanks) é incumbido da missão de resgatar o soldado James Francis Ryan (Matt Damon) e mandá-lo de volta para casa, já que seus três irmãos morreram em combate na mesma guerra. O enredo é simples, mas as sequências de batalhas são espetaculares. O telespectador, logo no início do filme, é jogado no confronto entre estadunidenses e franceses durante o desembarque na Normandia, uma sequência de quase 30 minutos de tirar o fôlego. Por ser rodado quase inteiramente em campos de batalha, há momentos mais leves durante o filme, onde geralmente a solidão dos soldados que acompanham o capitão Miller ganham destaque. É impossível não voltar ao realismo das cenas, tido como um dos filmes que melhor, senão o que melhor representou os confrontos vividos pelos soldados durante a Segunda Guerra. Talvez o patriotismo exagerado seja o maior defeito do filme. Tanto no início como no final do filme sempre há uma bandeira dos Estados Unidos e mesmo ao longo do filme é passada a falsa idéia de que morrer em batalha é uma glória, tanto para quem morre como para a família do soldado. Para dar suporte a essa idéia, sempre são citadas frases de Abraham Lincoln. Críticas a parte, esse filme consagrou Steven Spielberg como um dos melhores diretores da atualidade, dando a ele o seu segundo Oscar. O filme recebeu onze indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme (mas quem levou foi Shakespeare Apaixonado, embora eu prefira O Resgate) e Melhor Ator (Tom Hanks). Das onze indicações, levou cinco estatuetas (a maioria em categorias técnicas): Melhor Diretor, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Edição de Som e Melhor Som. Realmente vale a pena conferir.


2º Lugar: E.T., O Extra-terrestre (E.T., the extra-terrestrial, 1982)


O filme conta a história de Elliot (Henry Thomas) que durante uma noite encontra nos fundo de casa um ET deixado na Terra. Diante do encantamento e da curiosidade de Elliot sobre aquela estranha criatura, tem o início de uma forte amizade. Elliot e seus irmãos Michael (Robert MacNaughton) e Gertie (Drew Barrymore) tentam a todo custo manter o segredo da existência de ET dos adultos. O que no decorrer do filme acaba não sendo possível e ET, assim como Elliot, são examinados por médicos do governo. ET é insistente em voltar para casa (quem não se lembra da frase: "ET telefone minha casa"), e seus amigos vão fazer de tudo para ajudá-lo. Nessa tentativa, surge uma das cenas mais clássicas do cinema: a cena da bicicleta voando, a lua ao fundo e uma trilha sonora igualmente clássica. Essa cena inclusive se tornou o logotipo da Amblin Entertainment, produtora de Spielberg. O filme recebeu nove indicações, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, mas levou apenas nas categorias técnicas: Melhor Trilha Sonora, Melhores Efeitos Especiais, Melhores Efeitos Sonoros e Melhor Som. Interessante notar que o foco do filme são as crianças, apesar de eu não considerar E.T. um filme infantil. Embora o extra-terrestre appresentado por Spielberg seja desengonçado, com um pescoço retrátil e uma cabeça chata ele é cativante e é prontamente aceitoe protegido pelas crianças. Talvez isso sirva de lição para nós adultos, para repensar certas atitudes antes de julgar as diferenças e apenas aceitarmos, como fizeram Elliot e as demais crianças do filme. Quem sabe o mundo seria melhor e mais tolerante com as diferenças.


1º Lugar: A Lista de Schindler (Schindler's List, 1993)


A obra-prima de Steven Spielberg. Ele que durante muito tempo foi reconhecido como um diretor de filmes de aventura e ficção se consagrou como um grande diretor quando resolveu adaptar o livro de Thomas Keneally, Schindler's Ark, para o cinema. O filme retrata, com incrível realismo, os horrores do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha nazista invade a Polônia e pretende iniciar o extermínio do povo judeu. A história gira em torno de Oskar Schindler (Liam Neeson), membro do Partido Nazista e dono de uma fábrica de esmaltados que se instala na Polônia a fim de utilizar a mão-de-obra barata dos judeus para fins próprios. Ele em seguida enriquece, fornecendo materiais para o exército nazista. Quando a Alemanha decide "limpar" a Europa, os nazistas confinam todos os judeus em campos de concentração. Schindler assiste a boa parte das atrocidades cometidas contra o povo judeu: fuzilamentos, tiros na cabeça, crianças fugindo e todo tipo de horror psicológico utilizado pelos nazistas. A partir disso, ele começa a usar toda a sua influência dentro do Partido Nazista e o seu dinheiro para salvar o maior número de judeus possível. "Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro" diz Schindler. Por fim, ele acaba pobre e fugindo do Partido Nazista, mas salva em torno de 1200 pessoas , as quais ele recrutou através de sua lista dos campos de concentração para trabalhar na sua fábrica. O filme foi filmado quase inteiramente em preto e branco, com exceção do início e do fim do filme, e de um "ponto" vermelho que aparece em somente duas cenas. Vale registrar o porquê do destaque desse "ponto" vermelho no filme. Na verdade, é a cor do vestido de uma menininha fugindo da perseguição nazista (ainda no começo da história). Perto do final, esse "ponto" reaparece dentro de um carrinho-de-mão, onde os judeus mortos são carregados para incineração. Triste...mas genial! A direção de arte e a fotografia do filme são perfeitas. Espetacular a cena em que as mulheres que Schindler contrata são desviadas para o campo de Auschwitz, têm as suas cabeças raspadas e são colocadas nuas dentro de um banheiro coletivo, onde as mulheres e o próprio telespectador pensam se tratar de uma câmara de gás. O pânico refletido em suas expressões diante da iminência da morte é no mínimo aterrorizante e comovente. Por fim, a cena termina, não com o gás saindo dos canos, mas com a água, a qual não lava somente o corpo, mas a alma de um povo discriminado e perseguido apenas por ser diferente. Indicado a 12 Oscar na premiação de 1994, ganhou sete: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro Adaptado. Apesar de triste e reflexivo, é um belíssimo filme, onde a compaixão e a fraternidade se sobressaem acima de qualquer coisa. Altamente recomendável.