terça-feira, 26 de maio de 2009

Já que o Blog é pra falar sobre cinema, vou começar com o último filme que eu vi, "Janela Indiscreta" (Rear Window, 1954) do Hitchcock. Não há dúvida que Alfred Hitchcock é um dos gênios no cinema (é, no tempo presente mesmo, porque a sua obra é inesquecível e parada obrigatória para qualquer mortal sobre a Terra). O primeiro filme dele que eu vi foi "Psicose" (Psycho, 1960), seguido por "Um Corpo que Cai" (Vertigo, 1958). Ambos os filmes possuem finais surpreendentes, daqueles que o telespectador não consegue tirar os olhos da tela. Acho que por isso, criei uma expectativa muito grande em relação ao final de "Janela Indiscreta". Claro que não vou contar o final do filme aqui, mas eu esperava algo mais.
Eu não estou dizendo com isso que o filme não deva ser visto. Pelo contrário, recomendo fortemente. As várias janelas abertas de frente para o apartamento de Jeff (James Stewart) e seu impulso incontrolável para ver o que se passa com a vida alheia é um convite irrecusável feito ao telespectador. Ele não é um voyer nato, mas como está com os movimentos limitados devido a uma fratura na perna, o dia-a-dia dos vizinhos se torna o seu principal passatempo. Existem vários tipo urbanos presentes nas "janelas " de Jeff. Desde a moça de meia idade que mora sozinha, a Sra. Coração Solitário (Judith Evelyn), e que fantasia em receber um pretendente em casa, até a senhorita Torso (Georgina Darcy), uma bela bailarina que desfila e dança de roupas íntimas dentro de casa a maior parte do tempo. Ou ainda, o pianista que mora sozinho e o casal em lua-de-mel que nunca abre as janelas. Não há como não se identificar com algumas das situações vividas pelos vizinhos de Jeff e pelas situações vividas por ele próprio. A impressão que eu tive, é que ao mostrar uma determinada situação nos apartamentos vizinhos, a expressão de Jeff deveria ser muito semelhante a minha. Às vezes de consternação, outras de alegria...Isso também é uma grande sacada do filme, que faz o telespectador se identificar com as expressões do seu protagonista.
Claro, que por se tratar de um filme de Hitchcock, o foco da história é centrada em um suposto assassinato cometido por um vizinho de Jeff, o senhor Thorwald (Raymond Burr). Jeff desconfia que Thorwald assassinou a esposa, e conta com o apoio da namorada milionária Lisa (Grace Kelly) e da enfermeira que o auxilia, Stella (Thelma Ritter). A desconfiança é tão grande que ele convence o seu amigo policial (uma constante nos filmes de Hitchcock) Doyle (Wendell Corey), a ir atrás de uma caixa de madeira que o seu vizinho enviou, e que Jeff acredita, ser o corpo da Sra. Thorwald. Doyle não dá muito crédito para o amigo, o que leva a Jeff, Lisa e Stella agirem por conta própria. Daqui pra frente não dá pra contar, mas é onde o filme fica mais intenso e o expectador acaba se locando na cadeira de rodas de Jeff, com tomadas perfeitas do campo de visão dele. Com esse filme, Hitchcock reafirma ser um gênio ao mostrar ao telespectador o dia-a-dia de pessoas comuns e na angústia da busca da verdade vivido pelo personagem principal. Tudo isso, antes da sua obra máxima (na minha singela opinião), Psicose.
Mas fica a dica para quem ainda não viu, já que hoje estamos tão acostumados a espiar (como diz o Pedro Bial, nesses tempos de Big Brother), vamos espiar situações mais humanas e ver as pessoas com os olhos de Jeff (ou do prórprio Hitchcock). Bom filme!

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