quinta-feira, 18 de março de 2010

Top 5: Maiores injustiças do Oscar

Ainda no clima do Oscar 2010, resolvi fazer um Top Five sobre as cinco maiores injustiças da principal premiação do cinema (e a gente sabe muito bem que isso acontece rotineiramente). Esse ano, por exemplo, achei injusto "Bastardos Inglórios" não levar o prêmio de Melhor Roteiro Original. Quem ganhou foi "Guerra ao Terror", com um roteiro, que na minha opinião não tem nada de mais. O Oscar sempre tem alguma categoria que não premia quem realmente merece. De uns tempos pra cá ele vem querendo "fazer justiça", premiando aqueles que já tiveram várias indicações e nenhuma vitória, o que por um lado pode ser bom, mas também pode ser injusto com alguém que naquele momento foi realmente melhor.
Injustiças do Oscar podem levar a longas discussões, e claro, sempre tem o viés do gosto pessoal de cada um. Considerando isso (e baseado nas minhas preferências), elegi as cinco maiores injustiças da história do Oscar.

5º Lugar: Taxi Driver (1976)


Um dos melhores filmes de Martin Scorsese (senão o melhor), foi completamente ignorado no Oscar. Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator para Robert De Niro, Melhor Atriz Coadjuvante para Jodie Foster (com apenas 14 anos) e Melhor Musica, não levou nenhuma estatueta. A atuação de De Niro é irretocável. Ele já havia levado um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por "O Poderos Chefão II" (1974), mas só ganhou na categoria principal por "Touro Indomável" (1980), outra obra-prima de Scorsese. "Taxi Driver" tornou Jodie Foster mundialmente famosa, e já levou dois Oscar como Melhor Atriz por "Acusados" (1988) e por "O Silêncio dos Inocentes" (1991). Outra injustiça nesse caso, foi "Taxi Driver" perder a estatueta de Melhor Filme para "Rocky, um lutador", uma escolha lamentável da Academia. Para completar a série de injustiças, Scorsese sequer foi indicado como Melhor Diretor. Seu reconhecimento como diretor só veio na sexta indicação, quando levou por "Os Infiltrados" (2006). A estatueta foi entregue por Steven Spielberg, George Lucas e Francis Ford Copolla, numa maneira que a Academia encontrou de homenagear e por fim, reconhecer o valor da obra de Scorsese. Pelo menos nesse caso, a justiça foi feita (antes tarde do que nunca). O problema é que para compensar tanto tempo de injustiça, premiaram "Os Infiltrados" na categoria Melhor Filme, quando na verdade quem deveria ganhar era "Pequena Miss Sunshine", que é infinitamente melhor que o filme de Scorsese. Paciência...




4º Lugar: Fernanda Montenegro (Central do Brasil, 1998)



A única atriz brasileira indicada à Melhor Atriz viu a sua grande chance escorrer por entre os dedos quando a Academia resolveu (num momento de insanidade, não há outra explicação) premiar Gwyneth Paltrow por "Shakespeare Apaixonado", com uma atuação, no máximo, mediana. Para piorar a situação, competindo com Gwyneth Paltrow e Fernanda Montenegro estavam Meryl Streep (por "Um amor verdadeiro") e Cate Blanchet (por "Elizabeth"). Quem viu "Central do Brasil" e "Shakespeare Apaixonado", vê muito bem a distância quilométrica que separa a atuação de Fernanda Montenegro da de Gwyneth Paltrow. Não falo isso por se tratar de brasileiro, a atuação é sim muito superior. Talvez se Cate Blanchet ou Meryl Streep tivessem ganhado a estatueta, seria melhor. Além disso, "Shakespeare Apaixonado" levou o Oscar de Melhor Filme (outro equívoco). Vale lembrar ainda que "Central do Brasil" concorria a Melhor Filme Estrangeiro (talvez uma das maiores chances do cinema nacional), mas perdeu para o belíssimo "A vida é bela" (nesse caso a Academia foi justa).



3º Lugar: Whoopi Goldberg (A cor púrpura, 1985)



Parece que a Academia tem uma certa resistência em premiar atores novatos. Essa é a única explicação para o fato de Whoopi Goldberg não ter sido eleita a Melhor Atriz por "A cor púrpura". Sua interpretação é no mínimo espetacular e de uma qualidade sem precedentes. A primeira metade do filme ela fala muito pouco, mas grita com expressões faciais que falam mais do que mil palavras. Uma interpretaçõ primorosa. Ela só viria ganhar um Oscar anos mais tarde como Atriz Coadjuvante por "Ghost" (1990). A primeira atriz negra a ganhar um Oscar como Melhor Atriz foi Halle Berry em 2002 por "A última ceia". Esse não é o primeiro caso em que uma excelente atuação deixa de ser reconhecida. Gloria Swanson, espetacular como a atriz decadente em "Crepúsculo dos Deuses" (1950) e Bette Davis, numa interpretação aclamada, por "A malvada" (1950) também ficaram na platéia. Interessante que tanto Gloria como Bette concorreram no mesmo ano, mas quem levou foi Judy Holiday por "Nascida ontem". Além de Whoopi Goldberg não vencer, "A cor púrpura" foi indicado em 11 categorias e não levou nenhum prêmio e Steven Spielberg sequer foi indicado como Melhor Diretor!!



2º Lugar: Stanley Kubrick (Laranja Mecânica, 1971)



Se Martin Scorsese esperou até a sua sexta indicação a Melhor Diretor para levar o prêmio, Stanley Kubrick literalmente morreu esperando. A sua grande chance veio com o polêmico e cultuado "Laranja Mecânica" (1971), que teve quatro indicações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro (os três para Kubrick) e Melhor Edição. Kubrick viu todas as oportunidades de colocar as mãos na cobiçada estatueta ir por água abaixo quando a Academia premiou "Operação França" nas categorias Melhor Direção e Melhor Filme, sem contar que Malcolm McDowell, o protagonista de "Laranja Mecânica", nem foi indicado a Melhor Ator. Kubrick foi indicado quatro vezes ao Oscar de Melhor Diretor [Dr. Fantástico (1964), 2001: uma odisséia no espaço (1968), Laranja Mecânica (1971) e Barry Lindon (1975)], mas não levou em nenhuma delas. Sua última produção, "De olhos bem fechados" (1999), não agradou muito a crítica, apesar de mostrar o casal-sensação de Hollywood na época, Tom Cruise e Nicole Kidman. Faleceu em 07 de março de 1999 sem levar um Oscar para casa, mas é considerado um dos melhores e mais controversos diretores de todos os tempos. Realmente uma pena!




1º Lugar: Alfred Hitchcock



Um dos maiores gênios do cinema (isso é clichê, eu sei, mas é a pura verdade), Alfred Hitchcock, assim como Kubrick, nunca levou a estatueta de Melhor Diretor. Dono de uma filmografia cultuada e recheada de clássicos, Hitchcock teve cinco indicações como diretor por filmes como "Rebecca" (1940), "Janela Indiscreta" (1954) e "Psicose" (1960) e uma como produtor. Entre as indicações, acredito que ele deveria ter levado por "Janela Indiscreta", uma belíssima direção onde ele planejou e visualizou todo o cenário do filme, principalmente os apartamentos do prédio a frente da janela de Jeff (James Stewart). O conceito hitchcockiano de cinema se difundiu nos mais diversos gêneros. É dele a idéia de fornecer informações ao espectador que os persoangens não percebem. Por exemplo, na cena clássica de "Psicose", enquanto Marion toma uma ducha no chuveiro, e só o espectador vê um vulto com uma faca se aproximando. É uma idéia extremamente simples, mas que coloca o espectador quase como parte da história, em que ele quer alertar os demais personagens dizendo: "Sai dai senao vão te pegar". No cinema, as melhores ideías são também as mais simples. Alfred Hitchcock faleceu em 1980 e recebeu o prêmio Irving Thalberg da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pelo conjunto de sua obra. Um reconhecimento tardio para aquele que é para muitos o maior diretor de todos os tempos, e na minha opinião a maior injustiça cometida até hoje pela Academia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário